segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Restaurando a Comunhão - O Reencontro

Nada de acusações ou cobranças, apenas o aconchego de um abraço caloroso, cheio de saudades e um beijo quente que demonstrava o mais nobre dos sentimentos: o amor, verdadeiro e incondicional. O pai não precisava acusá-lo porque ele já estava vivendo sob a culpa, a dor do arrependimento o consumia. O Senhor nos trata com misericórdia. Ele sabe que somos como uma canícula que pode se quebrar ao mais suave contato, ou, como finos pavios que até mesmo por um leve sopro podem se apagar. Jesus não veio condenar, e, sim, restaurar o que está quebrado. Na cruz do Calvário, Jesus abraçou toda a humanidade, para perdoar todos os homens que se voltassem para ele. Existem muitos pais que amam os seus filhos apenas com palavras. Seus lábios pronunciam palavras bonitas, mas a elas não precedem nenhum gesto de amor, nenhuma demonstração de aceitação ou respeito.
As palavras devem expressar o que os gestos querem dizer. Não fosse assim, não estaria escrito: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1Jo 3.18.) O pai estava muito feliz com o regresso do seu filho e não estava interessado no que havia ficado para trás. O que realmente interessava era que ele estava de volta. O arrependimento que propulsionou sua volta bastava ao pai. A atitude humilde de reconhecer o erro e pedir perdão era suficiente. Não é através de sacrifícios, de obras ou de “promessas” que somos perdoados e aceitos por Deus. Assim, como o filho pródigo, precisamos apenas nos arrepender, pedir o seu perdão e confessá-lo, reconhecendo que Jesus é Senhor absoluto, o único Salvador. O filho não precisou enviar uma comitiva para negociar a sua volta; nem mandar presentes para subornar o coração do pai ou fazer um longo e ditoso discurso que o impressionasse e que pudesse sensibilizar o seu coração.
Nada! Ele teve que reconhecer que tudo dependia do pai e esperar que ele agisse. Muitas pessoas se iludem acreditando que para alcançarem o perdão e o amor de Deus precisam fazer muitas coisas para agradá-lo. No entanto, não precisamos de muito para agradar ao nosso Deus. Só temos que reconhecer a sua soberania e a nossa dependência dele, permanecendo no centro da sua vontade, permitindo que Ele aja e transforme toda derrota em vitória. O pai continuava e não se envergonhava do filho que o havia abandonado e desprezado as suas bênçãos. Ao contrário, alegrava-se tanto a ponto de mandar preparar uma festa para celebrar a volta daquele a quem tanto amava. Da mesma forma, Deus nos ama. Ele, como Pai, nunca nos desprezará. Tenha certeza de que, mesmo tendo se afastado dele, você jamais será desprezado. Ele jamais se envergonhará de demonstrar o seu infinito amor através de incontáveis bênçãos.
UM COMPORTAMENTO ERRADO
O filho mais velho era dedicado ao pai, aos serviços, e estivera todo o tempo trabalhando no campo. Ao retornar para casa, ele percebeu que alguma coisa estava diferente. Procurou então, um dos criados, e, ao tomar conhecimento do que acontecia, ficou tão indignado que se recusou a entrar em casa. Ele ensoberbeceu, foi tomado por um sentimento de dignidade própria que o levou a pretender e manter a consideração de todos. Enquanto o mais velho se irava e se julgava digno de todas as homenagens, o irmão mais moço dizia-se não ser digno de ser chamado de filho. Saiba que Deus dignifica aqueles que se julgam indignos; os humildes que reconhecem seus erros são exaltados. Mas os que se julgam dignos, os soberbos, são humilhados (Lc 18.14.) O pai amava tanto um quanto o outro, sem nenhuma distinção. Por isso, ele saiu e foi ter com o filho que tanto se indignava.
Tentou reconciliar, expôs o seu ponto de vista, esclareceu os motivos... Porém, o filho mais velho estava revoltado demais e não acatou as palavras do seu pai. Ele se colocou numa posição de superioridade em relação ao irmão caçula, como se este fosse um intruso que invadia o seu reino, ameaçando o seu domínio. Notamos, muitas vezes, um sentimento farisaico e legalista arraigado no coração de algumas pessoas que se julgam melhores do que as outras, mais dignas de honras. Como o próprio nome expressa, esse sentimento é próprio dos fariseus, é hipócrita, fingido e desagrada profundamente o coração de Deus, o nosso Pai. O que realmente conta é que todos os que foram resgatados pelo sangue de Jesus Cristo, nascidos da água e do Espírito pela graça inefável de Deus, pertencem à família de Deus, e a todos o Senhor ama e trata como filhos.
O AMOR INCONDICIONAL DO PAI
O primogênito continuava falando e reclamando dos seus direitos. O pai, que o olhava com amor e com a voz terna, lhe respondeu: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.” (Lc 15.31-32) Deus realmente é o Pai que abraça, aceita, perdoa e recon cilia! As bênçãos do Pai estão à disposição de todos os seus filhos! Portanto, se você está procedendo como um filho rebelde, veja Deus como Ele verdadeiramente é: um Pai que ama incondicionalmente o seu filho, por mais indisciplinado que ele seja, e que está sempre disposto a perdoá-lo e a abençoálo No Jardim do Éden, quando o homem se voltou contra Deus, Ele preparou para nós o Cordeiro. Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que foi imolado na cruz do Calvário em nosso lugar, para que pudéssemos novamente ter acesso ao Pai.
Por isso, ao ver Jesus, João Batista exclamou: “[...] Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29.) O caminho de retorno ao lar, ao convívio com o Pai foi liberado por Jesus e os olhos do Senhor estão fitos nele, aguardando a sua volta. Se você está longe, tome logo uma atitude e vá ter com o seu Pai. Quando o filho voltou para casa, o pai deu algumas ordens: “... trazei depressa a melhor roupa, vestio, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.” (Lc 15.22.) Aquele moço não poderia ficar com as roupas sujas com as quais viera. O pai queria vê-lo totalmente limpo, como o verdadeiro filho que era. O seu corpo precisava estar protegido, porque o seu espírito já fora agasalhado pelo seu pleno amor. Assim, quando retornamos para o Pai, devemos vestir roupas novas, e não existem outras melhores do que a armadura de Deus (Ef 6.13-17).
O nosso anel é o selo do Espírito Santo e nossas sandálias, parte da armadura, são a preparação do Evangelho da paz, que nos impedem de caminhar novamente pelos caminhos escuros e fétidos do pecado. O amor incondicional de Deus e o sacrifício de Jesus na cruz permitem a todos que os aceitem, a oportunidade para serem novas criaturas. Todo o passado fora do lar é esquecido e Deus lhes dá uma nova vida, um novo coração, um triunfante recomeço. Você poderá até procurar o Senhor percorrendo outros caminhos, entretanto, jamais irá encontrá-lo e ainda correrá o risco de morrer nesta busca, porque está escrito: “Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.” (Pv 16.25.) A Bíblia nos afirma que somos vestidos com linho, que simboliza os atos de justiça de Cristo Jesus em nosso favor (Ap 19.7-8).
Por meio de Jesus, Ele fez conosco uma aliança eterna: aliança de amor, de justiça, de santificação, para que nos tornemos à semelhança do seu Filho Unigênito. Se você se sente órfão, sem um pai que o aceite, que o compreenda, não fique revoltado, considerando-se um rejeitado, pensando que não há mais jeito para você. Deus pode, e quer se tornar este Pai que você tanto deseja e busca. Basta que você o procure. Derrame suas lágrimas diante dele e fale da sua fome, da sua solidão, de como tem andado por caminhos tortuosos e sombrios. Receba-o em seu coração como seu Pai e tome posse da herança que Ele tem para você: uma vida abundante e eterna.
Deus abençoe!
Pr. Márcio Valadão

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