quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Enquanto a manhã não vem...

De: Marco Aurelio Brasil

Um belo dia Jesus chamou à parte Seus doze discípulos para os mandar numa missão. Essa missão envolvia expulsar demônios e curar doentes e requeria uma coisa rara: coragem. Foi por isso que, ao final das orientações para essa missão, Jesus os encoraja dizendo: "O que vos digo no escuro, dizei-o na luz; e o que escutais ao ouvido, pregai-o sobre os telhados" (Mateus 10:27). O contexto dessa frase é entendido com a frase que vem a seguir ("Não temam os que matam o corpo e não podem matar a alma"), mas hoje peço que você me permita tirá-la do contexto para focar em um fato curioso que Jesus coloca: há coisas que Ele nos fala no escuro.

Nossa geração tem cada vez menor tolerância à dor. Os gráficos de vendas dos analgésicos provavelmente endossem essa minha percepção. Nossa reação à dor de nossos filhos é escandalosa e somos cada vez mais intolerantes com nosso próprio sofrimento, o que gera uma percepção coletiva de que a dor é uma exceção à regra geral de conforto, um corpo estranho, algo que pode ser evitado e extirpado. Bem, a Bíblia não ratifica essa conclusão, ao contrário, Jesus é claro quando elimina qualquer ilusão nesse sentido ao estatuir, simplesmente, que "no mundo tereis aflições"(João 16:33).

É por isso que pode servir de consolo eficaz saber que há algumas coisas que Jesus nos fala nesses momentos de escuridão, coisas que só poderíamos ouvir nesse estado de coisas. Oswald Chambers vai além e observa que os momentos de escuridão são aqueles nos quais não deveríamos abrir a boca, pois se o fizéssemos falaríamos com o humor errado. "A escuridão é o tempo de ouvir", ele afirma. Talvez porque a escuridão é o momento mais propício para ouvirmos as coisas com humildade, coisas que em outros momentos teríamos dificuldades sérias para digerir.

"O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmo 30:5). Há noites, é inescapável; enquanto o senhor deste mundo não for julgado será assim. Por que você não as aproveita? Por que não faz uso delas para, quando a manhã chegar, encontrar uma outra pessoa esperando pela alegria, uma pessoa melhor, mais íntima de Deus e mais confiante na forma como conduz sua vida?

Nenhum comentário:

Postar um comentário